5G vai exigir padronização de leis municipais

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A tecnologia 5G – próxima geração de redes de internet móvel – vai possibilitar cidades inteligentes e inúmeras aplicações na educação, na saúde, na agricultura e na indústria, mas sua implantação vai exigir a padronização de normas municipais que regulamentam a instalação de torres de telefonia. O alerta foi feito pelos participantes da reunião realizada na terça-feira (10/8) pela Comissão de Assuntos Municipais e Regionalização da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG).

Comissão de Assuntos Municipais e Regionalização debate o Projeto de Lei nº 2.538/2021, que dispõe sobre o programa de estímulo à implantação das tecnologias de conectividade móvel em Minas Gerais. Foto: Daniel Protzner
 

A publicação do edital para o leilão do sinal 5G deve ser em outubro. Segundo o diretor de Relações Institucionais da Brasscom (associação de empresas de telecomunicações), Sérgio Sgobbi, nos próximos três anos, deverão ser investidos R$ 431 bilhões em conectividade. Por sua vez, esse valor deve gerar outros R$ 413 bilhões de investimentos em aplicações relacionadas ao 5G. O edital a ser publicado também prevê a ampliação das redes 2G e 4G em rodovias, zonas rurais e pequenas localidades afastadas dos grandes centros. “Atualmente existem 4,5 mil torres de telefonia no campo. Serão necessárias mais 15.182 estruturas, segundo um estudo do Ministério das Comunicações”, ilustrou Sérgio Sgobbi.

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Ricardo Mascarenhas Lopes Cançado Diniz (gerente de Relações Institucionais da Vivo Minas), Antonio Carlos Arantes (1º vice-presidente da ALMG – PSDB/MG), Rosângela Reis (deputada estadual Pode/MG). Foto: Daniel Protzner
 

Mas é nas cidades que está o maior desafio para a implantação do 5G. “Existe uma preocupação descabida com a radiação emitida pelas antenas, o que impõe dificuldades para as empresas de telecomunicações expandirem suas redes”, explicou o gerente de Infraestrutura da Conexis Brasil Digital (sindicato das empresas do setor), Ricardo Dieckmann. Para garantir a qualidade e a ampliação do sinal 5G, será necessário construir redes de fibra ótica, torres de telefonia e microcélulas do tamanho de uma caixa de sapatos. “Sem infraestrutura, não há cobertura”, resumiu o gerente de Relações Institucionais da Vivo, Ricardo Mascarenhas Lopes Cançado Diniz.

Para estimular a uniformização das legislações municipais sobre o tema, a deputada Rosângela Reis (Pode) e o deputado Antonio Carlos Arantes (PSDB) apresentaram o Projeto de Lei (PL) 2.538/21. A proposição recebeu o apoio dos participantes da reunião. “A fragmentação das normas municipais complica a implantação das antenas. Esse projeto vai facilitar a expansão do 5G em Minas Gerais”, afirmou o subsecretário de Estado de Governança Eletrônica e Serviços, Rodrigo Dinis Lara. Originalmente o PL 2.538/21 contém um anexo que serviria de base para os municípios elaborarem seus projetos de lei para regulamentar a implantação e o compartilhamento da infraestrutura de telecomunicações. Porém, a Comissão de Constituição e Justiça considerou que essa competência é do Poder Executivo e apresentou o substitutivo nº 1, que retira esse anexo do texto.

Para o presidente da Associação Brasileira de Infraestrutura para Telecomunicações (Abrintel), Luciano José Stutz, essa parte do texto é fundamental para o PL 2.538/21. “É importante que o projeto seja aprovado com esse anexo”, defendeu. A proposição aguarda parecer de 1º turno na Comissão de Transporte, Comunicação e Obras Públicas.

A presidenta da comissão, deputada Rosângela Reis, autora do requerimento para realização da reunião juntamente com o deputado Antonio Carlos Arantes, reforçou que a existência de normas municipais heterogêneas, em descompasso com a legislação federal, pode dificultar o acesso à tecnologia 5G. “O incremento na comunicação vai melhorar a vida das pessoas”, afirmou.

Possíveis danos à saúde geram polêmica

A polêmica do debate ficou por conta dos possíveis efeitos nocivos à saúde da radiação emitida pelas antenas de telefonia. O presidente da Comissão de Direito Imobiliário da OAB-MG, Kênio de Souza Pereira, citou estudos internacionais e solicitou uma audiência pública sobre o assunto. “O PL 2.538/21 permite tudo às empresas de telefonia, mas o direito à saúde não foi considerado”, criticou. A afirmação foi prontamente rebatida pelos demais participantes da reunião.

O chefe da Assessoria Técnica da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), Humberto Bruno Pontes Silva, garantiu que a legislação federal segue as recomendações da Organização Mundial da Saúde e explicou que a fiscalização das antenas garante o respeito aos limites de radiação. O professor aposentado da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), Renato Sabbatini, explicou que a radiação emitida pelas antenas é do tipo não ionizante e não tem energia suficiente para quebrar moléculas e causar câncer, conforme já demonstrado em mais de 30 mil estudos científicos. “Os benefícios da telefonia celular são muito maiores que eventuais prejuízos. Não deem ouvidos a fake news”, arrematou.

Fonte: Assembleia de Minas

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